Ícones, tributos de fé e reverência

Os retratos representam geralmente abades ou monges do mosteiro de Sinai, provavelmente algumas das pessoas mais importantes da época.

Por exemplo, há um autorretrato do pintor (?) com o nome Ioanne Tohabi, que foi representado no único hexáptico do século XI do Sinai. Um ícone do século XII, representando Abraão e Melquisedeque, inclui a representação de uma figura ajoelhada, o doador Avramios, bispo do Sinai e de Raithou nessa altura. Num ícone do início do século XIII com o Arcanjo Miguel (ph. 44), está representado o retrato do doador ou do pintor, um monge desconhecido. Um outro ícone do início do século XIII, com Moisés recebendo a Lei, inclui o retrato do monge Neilos, então arcebispo e abade do Sinai, provavelmente o doador.

É digno de menção o ícone de pequena escala que ostenta o retrato do monge Pedro, provavelmente destinado à devoção privada. Datado de finais do século XII ou inícios do século XIII, representa a Sarça Ardente e o Profeta Moisés a receber a Lei. Finalmente, num painel do mosteiro do Sinai, até agora inédito, que representa Moisés a receber a Lei, está representado um outro doador leigo. O vestuário da figura do dador assemelha-se fortemente ao de uma figura incluída no manuscrito árabe De materia medica de Istambul, datado da década de 1230. Provavelmente indica também um dador de origem árabe.

Por outro lado, no Sinai existe um outro painel real que segue a iconografia bizantina da época, representando São Jorge ao lado de um rei georgiano que, segundo a inscrição grega, é Pagrutianos, o rei piedoso de todo o Oriente, que foi identificado como o rei georgiano Davit IV. Este ícone ilustra a homenagem real do poderoso rei da longínqua Geórgia ao mosteiro do Sinai que, apesar do seu afastamento absoluto, tinha fortes ligações com a ortodoxia mundial, pelo menos naquela altura.

É também digna de nota a figura de um doador, cristão de origem árabe, pintada no segundo ícone do par de painéis do século XIII que representam o profeta Moisés recebendo a Lei e Moisés diante da Sarça Ardente.

Para além das escolhas pictóricas conscientes dos doadores em relação aos seus próprios santos padroeiros, este conjunto de ícones reflecte a forma como os membros proeminentes da confraria dos mosteiros do Sinai e de Raithou veneravam os santos padroeiros do Sinai (a Mãe de Deus, o Profeta Moisés, Santa Catarina, etc.).

Todos os ícones acima mencionados revelam que os doadores os dedicaram ao Mosteiro do Sinai devido à sua profunda fé e grande reverência para com o local e os seus santos padroeiros. Os doadores eram monges de origem grega, árabe ou georgiana, ou mesmo peregrinos das Cruzadas, como o demonstram numerosos ícones de estilo ocidental.